A varejista brasileira Lojas Americanas SA deve a vários credores cerca de R$ 41,2 bilhões, disse um tribunal do Rio de Janeiro nesta quarta-feira, dando um quadro mais detalhado até agora da exposição de bancos e outros grupos à falência da empresa.
As Lojas Americanas, apoiada pelo trio bilionário que fundou a empresa de investimentos 3G Capital, entrou em recuperação judicial na semana passada após divulgar “inconsistências” em sua contabilidade, levando grandes investidores como BlackRock e Capital Group a reduzir suas posições na empresa. A lista fornecida na quarta-feira inclui cerca de R$ 41,2 bilhões em dívidas, segundo o tribunal, que inicialmente não divulgou os nomes dos credores.
Mais tarde, a Lojas Americanas revelou a lista completa de 7.720 credores em um depósito de títulos, variando de pequenas dívidas com pessoas físicas e municipais a dívidas multibilionárias com bancos.
Lojas Americanas deve para Bancos, investidores e muito mais
O Deutsche Bank liderou a lista de credores divulgada pela Americanas com US$ 1 bilhão, mas o credor alemão disse posteriormente que não tinha exposição ao varejista e não seria afetado por sua falência. “O Deutsche Bank não foi afetado, pois não tem uma relação de empréstimo nem qualquer exposição de crédito à empresa em questão”, afirmou em comunicado por e-mail.
Uma fonte familiarizada com a situação disse que o Deutsche Bank atuou como fiduciário de dois títulos de US$ 500 milhões cada garantidos pela Americanas. Os bancos brasileiros BTG Pactual, Bradesco e Santander Brasil – que analistas disseram anteriormente estar entre os mais expostos – também foram listados, com dívidas de mais de 3,5 bilhões de reais cada.
O Santander recorreu do pedido de recuperação judicial e o Bradesco planeja entrar com uma ação internacional contra a Americanas, informou a Reuters. Na terça-feira, um juiz suspendeu uma decisão anterior que permitiria ao BTG proteger R$ 1,2 bilhão que a Americanas tinha em conta naquele banco. No entanto, a decisão foi posteriormente revisada por um tribunal federal na quarta-feira.
Mais tarde na quarta-feira, a Americanas buscou ajuda do código de falências dos EUA, uma medida que ajudaria a empresa a proteger seus ativos nos EUA dos credores e permitiria buscar o reconhecimento judicial dos EUA para sua reestruturação brasileira. A BlackRock Inc, empresa de gestão de investimentos dos Estados Unidos, reduziu drasticamente sua posição na empresa após o escândalo contábil, disse a Americanas.
Dados publicados no site da Americanas mostraram que em dezembro de 2022 a BlackRock possuía mais de 45,5 milhões de ações ordinárias da empresa, uma participação de aproximadamente 5,05%. A varejista disse que a BlackRock reduziu sua posição para pouco mais de 1 milhão de ações, ou cerca de 0,12%, além de alguns instrumentos derivativos representando 0,36% do total de ações ordinárias.
No início desta semana, a Capital International Investors também anunciou que havia reduzido sua posição em Americanas para 4,07%, de 7,04%. As ações da Americanas subiram 20% para R$ 0,96 na quarta-feira, mas ainda acumulam queda de cerca de 90% no ano.
Além disso, uma informação falsa de que o BNDES e o governo do Presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva socorreria a Americanas com o uso de dinheiro público também já foi desmentida pelas agências de checagem de fatos e mostra que não houve nenhum anúncio nesse sentido e o empréstimo feito pelo BNDES usado como fonte de informação da fake news aconteceu em 2014 e não em 2023.
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Fonte: CNN
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